quarta-feira, 24 de agosto de 2011

IMPORTÂNCIA DO JOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no início do século XX, e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingências políticas e sociais de cada época, o ressurgimento dos estudos psicológicos sobre o jogo infantil nos anos 70 foi, em grande parte, estimulado por Jean Piaget (1971).
Piaget elaborou uma diferenciação dos jogos usando os seguintes procedimentos: observação e registro dos jogos praticados pelas crianças em casa, nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior número de jogos infantis; e análise das categorias já existentes e aplicações conhecidas dos jogos coletados. Assim, ao estudar com observação e método a prática de jogos, Piaget propôs uma possível classificação na qual três tipos de estruturas caracterizam os jogos: o exercício (para crianças de 0 a 2 anos), o símbolo (de 2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos).
Estas categorias estão dispostas por ordem de complexidade abrangendo desde o jogo sensório-motor elementar até o jogo social superior: os exercícios motores consistem na repetição de gestos e movimentos simples com valor exploratório e o jogo simbólico desenvolve-se a partir dos esquemas sensório-motores (corridas, jogos de bola de gude, etc...) ou intelectuais (de carta, xadrez...) regulamentados por um conjunto sistemático de leis que são as regras.
Beauclair (2004) observa que para Piaget, o jogo de regras é a atividade lúdica do “ser sofisticado e começa a ser praticado por volta dos sete anos de idade, quando a criança abandona o jogo egocêntrico das crianças menores em proveito de uma explicação efetiva de regras e do espírito de regras entre os jogadores.”
Wallon (1941) -de acordo com Kishimoto (op. cit., p.41) - com certa semelhança a Piaget, classifica os jogos em quatro tipos: funcionais, de ficção, de aquisição e de construção:
As atividades lúdicas funcionais representam os movimentos simples como encolher os braços e pernas, agitar dedos, balançar objetos....As atividades lúdicas de ficção são as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas. Nas atividades de aquisição, a criança aprende vendo e ouvindo. Faz esforços para compreender coisas, seres, cenas, imagens e, nos jogos de construção, reúne, combina objetos entre si, modifica e cria.
Outra grande influência nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa, com Vygotsky (1982 apud Kishimoto, 1994, p.43). Para o autor há dois elementos importantes nos jogos infantis, a situação imaginária e as regras:
Vygotsky deixa claro que, nos primeiros anos de vida, a brincadeira é a atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de desenvolvimento proximal. Ao prover uma situação imaginativa por meio da atividade livre, a criança desenvolve a iniciativa, expressa seus desejos e internaliza as regras sociais.
Kishimoto (op. cit., p.44) considera a imitação como a origem de toda representação mental e base para o aparecimento do jogo infantil, segundo as teorias de Piaget, Wallon e Vygotsky. Porém, a autora destaca em Bruner (1976 apud Kishimoto, 1994, p.45) uma diferente interpretação do desenvolvimento da atividade simbólica: “Bruner insiste nas trocas interativas entre a criança e a mãe como fonte de desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos ou aos fenômenos.”
Já a visão de Winnicott (1975 apud Weiss, 2004, p.72) possibilita uma compreensão mais integradora do jogar na aprendizagem: “É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self).”. Weiss complementa afirmando que é nesse espaço transacional criança-outro-indivíduo-meio que dá-se a aprendizagem (e daí a importância do jogo no trabalho pedagógico e/ou psicopedagógico).
São estes os principais autores – entre os teóricos mais relevantes, estudiosos das representações mentais – que mostram a importância do jogo para o desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisição de regras, a expressão do imaginário e a apropriação do conhecimento.
2.2 Jogo na Educação (e na Psicopedagogia)
Ao incorporar o jogo à Educação, a prática pedagógica e/ou psicopedagógica cria a figura do jogo educativo.
Deste modo, um mesmo objeto – o jogo – pode adquirir dois sentidos conforme o contexto em que é utilizado: brinquedo ou material pedagógico.
Para Kishimoto (op. cit., p.15) se brinquedos são sempre suportes de brincadeiras, sua utilização deveria criar momentos lúdicos de livre exploração, nos quais prevalece a incerteza do ato e não se buscam resultados. Porém, se os mesmos objetos servem como auxiliar da ação docente, buscam-se resultados em relação à aprendizagem de conceitos e noções, ou, mesmo, ao desenvolvimento de algumas habilidades. Nesse caso, o objeto conhecido como brinquedo não realiza sua função lúdica, deixa de ser brinquedo para tornar-se material pedagógico.
O jogo educativo surgiu no século XVI como suporte da atividade didática e sua utilização expandiu-se no início do século XX, estimulada pelo crescimento da rede de ensino infantil e pelas discussões sobre as relações entre jogos e Educação. Em qualquer tipo de jogo a criança se educa, já que o jogo é educativo em sua essência.
A importância dos jogos

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